Problemas na rede de esgoto e de águas pluviais oriundos do descarte inadequado do óleo de cozinha.

O ato de reciclar não é nenhuma novidade, sempre ouvimos falar do reaproveitamento de papel, alumínio e plástico. Mas outro produto muito conhecido por nós também pode passar por esse processo: o óleo de cozinha.


Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE), só no estado de São Paulo são consumidos anualmente 242 milhões de litros de óleo. O número nacional é ainda maior, no país todo são usados 3 bilhões de litros de óleo ao ano. Como não é consumido integralmente, o problema de onde descartar o óleo que restou das frituras é sério.


Muitas residências jogam o óleo comestível usado na rede de esgoto, que são produtos de difícil degradação no meio ambiente, que não se dissolvem e nem se misturam à água, formando uma camada densa que impede as trocas gasosas, se tornando um problema para rios, lagos e aquíferos. O óleo, que é mais leve do que a água, fica na superfície, criando uma barreira que dificulta a entrada de luz e a oxigenação, comprometendo assim a base da cadeia alimentar aquática. Um litro de óleo contamina até 25 mil litros de água.


O descarte destas gorduras no esgoto também pode gerar graves problemas de higiene na rede de esgoto, causando seu entupimento, que força a infiltração no solo, contaminando o lençol freático, ou atingindo a superfície. Para retirar o óleo e desentupir os canos são empregados produtos químicos altamente tóxicos, o que acaba criando uma cadeia perniciosa. Para se ter uma ideia de como isso é grave, 40% dos casos de entupimentos de tubulações são causados pelo óleo solidificado.


Outro modo comum de descartar o óleo é jogá-lo no lixo doméstico. Essa atitude também causa transtornos ambientais, já que a maior parte do lixo produzido no país vai parar em lixões. Além disso, ao atingir o solo, o produto contribui para sua impermeabilização, dificultando a absorção da água de chuva e propiciando enchentes.


Jogar o produto pelo ralo polui e danifica os encanamentos das casas. Muita gente não sabe, mas
 quando descartado no ralo da pia ou junto com o lixo de casa, o óleo usado para fritar pastéis, batatas e outros alimentos é altamente prejudicial ao ambiente.


Segundo o Centro de Estudos Integrados sobre o Meio Ambiente e Mudanças Climáticas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a decomposição do óleo de cozinha usado emite na atmosfera metano, um dos principais gases causadores do efeito estufa, responsável pelo aquecimento global.


Percebe-se que o problema do descarte do óleo usado é realmente sério. Mais sério ainda é que, mesmo com todos esses problemas envolvendo o seu descarte, apenas 1% do óleo usado no Brasil passa por algum processo de reciclagem.


O óleo de cozinha usado, ao ser reciclado, pode virar matéria prima para o biodiesel, para produtos químicos e para a fabricação de sabão. Esta última forma de reciclagem é a mais comum e costuma ser praticada em pequena escala, por famílias ou associações.


Produzir sabão a partir do óleo de cozinha é fácil e resolve o problema de seu descarte. Para incentivar ainda mais essa prática, um dado é importante: o sabão produzido a partir do óleo reciclado é menos agressivo para o meio ambiente, já que possui origem orgânica e por isso se decompõe com mais facilidade.


Em função disso e contribuindo, efetivamente, para a aplicação de Meio Ambiente do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Sustentável do Município do Rio de Janeiro, apresentamos a esta Casa de Leis o presente projeto, para o qual contamos com o apoio e a aprovação dos nobres vereadores.


Referência:
http://www.viana.es.gov.br/files/downloads/000007/Decreto%20Reciclagem%20%C3%93leo%20Vegetal.pdf
http://mail.camara.rj.gov.br/APL/Legislativos/scpro1316.nsf/249cb321f17965260325775900523a42/41ecabcd1cf70d4c03257b4f004a1ab6?OpenDocument